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SARA

DOMINGOS  

 

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ERA BELO COMO A LUA

A arte da Sara Domingos diz a verdade. O que não é coisa pouca num tempo de desassossego como o nosso, ainda que não estejamos longe da Rua dos Douradores, onde num dia terrivelmente próximo do de hoje alguém se apercebeu da existência do universo num escritório pouco iluminado.
As gravuras da Sara falam-nos de um Outono como este, cheio de grão, cheio de cinzentos que nos indistinguem e anoitecem. As folhas são impressas e nesse gesto nos impregnam a nós, suas vítimas. Se a pintura é gritada em erupções, incisa e meridiana, assim nos ferindo, a gravura vai insinuando sombras lunares, silêncios, toques de pele nas suas texturas breves e cada vez mais sugeridas.
A Sara fabricou tipos tipográficos novos, sem letras e por isso capazes de dizer todos os nomes. O alfabeto que a Sara vem inventando é feito de sulcos e marcas de água, gotas que espalham ciscos, negativos de fotografias nunca reveláveis.
Digo-vos que acho que a Sara nos está a limpar do ruído e da tralha que em nossas almas vimos carregando, devolvendo-nos ao silêncio subtil das impressões vagas e definitivas. Ao caminho duma brancura reconquistada.

 

Rua de São Julião, Nov.2012

Rui Lopo

© 2005-2025 by SARA DOMINGOS

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